Fase de construção em aeroportos – oportunidades e desafios

Esta semana tive a oportunidade de participar de um painel no Rio Construção Summit, o que me fez refletir sobre a relação entre aeroportos e construtoras.  E é algo especial, diferente de outros parceiros ou fornecedores.  Tive o prazer de ser responsável por diversos projetos de construção de terminais, na Suíça, em Curaçao, no Brasil, no Chile, atuando em diferentes funções, como gerente de projetos, CEO e agora na perspectiva do conselho.

Acho que desenvolvi uma espécie de relação de “amor e ódio” nas fases de construção das concessões aeroportuárias.  É uma oportunidade incrível, onde a magia pode acontecer.  Para quem conhece o aeroporto de Florianópolis – vocês acreditam que o Boulevard 14/32, a grande praça comercial e de eventos, foi incorporado ao projeto somente depois?  Iniciamos a sua construção oito meses antes da inauguração do aeroporto (e tivemos que correr para terminar no prazo).  Eu acredito que esta parte do aeroporto foi inovadora e faz uma diferença enorme para a experiência aeroportuária hoje. Fico feliz por termos adicionado o Boulevard 14/32.

Mas se uma concessionária não tiver os custos sob controle na fase de construção, pode perder muito dinheiro, sendo difícil recuperá-lo no tempo de concessão.  E para ser sincero, o problema não é principalmente da construtora – os custos adicionais muitas vezes vêm do proprietário encomendar “um pouco mais disto e daquilo”.  Para ser autocrítico: atenção especial precisa ser dada aos CEOs nesta fase, eles tendem a ter ideias ótimas, mas caras e de última hora.

Custos excessivos em projetos são comuns, mas tenho certeza de que podem ser evitados.  Existem inúmeras ferramentas que os gerenciam: contratos EPC ou GMP, seguros de desempenho, “open books”.  Certamente, precisamos que estas ferramentas sejam executadas perfeitamente, mas elas não vão necessariamente proteger os envolvidos de discussões da variação de custos no final do projeto.

Então, quais dicas posso dar para ficar dentro do orçamento?  Uma questão técnica simples: amostras de solo.  Quando você achar que já fez muitos deles, faça mais. É importante ter as características do solo bem claras para saber como construir. Sem uma boa documentação, você poderá se ver posteriormente em uma discussão sobre quão boa era realmente a sua terra.  Eu passei por isso.

E a outra dica, ainda mais básica: comunicação constante (principalmente aquela que acontece fora das videochamadas).  É claro que o seu parceiro de construção precisa cumprir todos os requisitos de governança, mas além disso, ele deve compartilhar seus valores e compreensão sobre uma boa parceria comercial.  Manter-se dentro do orçamento deve ser um objetivo comum com o qual ambos concordam – e depois falar sobre isso constantemente durante o projeto, a nível técnico e de gestão.

Fico feliz em dizer que tive o prazer de trabalhar com muitas boas construtoras, como por exemplo no aeroporto de Florianópolis e agora de Macaé.  Na verdade, é quase romântico: quando você encontrar o parceiro certo, você saberá.